27 de agosto de 2010

Protesto contra o preconceito



Faz tempo que não tenho tempo de postar nada por aqui por que estou cheia de provas e cada uma mais difícil que a outra.
Mas, entre idas e vindas, consegui um tempinho para postar um protesto.
Um protesto contra o preconceito praticado em todas as esferas da nossa sociedade.
Preconceito contra o negro, o magro, o gordo, o míope, o branco, o ruivo, o amarelo enfim, o preconceito que emboprece enormemente a nossa sociedade.
Em que parte, sobre a face da terra, está escrito que uma pessoa é melhor do que a outra por que possui características físicas diferentes?
Onde está escrito que uma pessoa é melhor do que a outra por causa da cor de sua pele?
Ou de seu tipo físico?
O rico é melhor que o pobre?
Ou é o dinheiro que fala mais alto?
Tem um  provérbio chinês que diz o seguinte: "Um homem pode possuir milhares de acres de terra, mas dorme numa cama de 2 metros".
Somos todos iguais.
Somos todos seres que habitam o mesmo planeta e que dependem uns dos outros para sobreviver.
Quero aqui relatar o que aconteceu comigo no último sábado, dia 21/08/2010.
No sábado à tarde fui acompanhada por uma de minhas irmãs até o centro de Osasco, cidade onde moro, por que minha irmã queria comprar algumas peças de roupas para incrementar-lhe o guarda-roupa.
A principio, eu faria apenas companhia, mas como já fazia muito tempo que não comprava calças jeans  resolvi adquirir uma.
Até aí nada demais.
Porém, escolhi uma das lojas, a Marlope, que minha irmã anteriormente havia comprado uma calça e gostado muito, tanto do modelo (que não era a tal skinny) quanto do atendimento.
Então, nos encaminhamos até lá.
Pedi à uma vendedora uma calça jeans estilo clássico, uma vez que não me agrada calças que tenham pernas justas até os tornozelos.
Muito bem.
A vendedora olhou para mim e, sem qualquer cerimônia, disparou: "Mas você tem as coxas muito grossas!".
Eu apenas assenti uma vez que tenho coxas grossas.
Tenho 1,73 de altura e não sou nem de longe a Gisele Bundchen.
Enfim, eu fiquei um pouco sem graça mas até aí...
Então, ela continuou na mesma cantilena enquanto pegava mais peças para que eu visse.
"Com coxas grossonas assim, é impossível achar uma calça que sirva".
E, pela maneira como ela falava, dava pra perceber que ela estava se divertindo muito à minha custa. E o pior é que além de falar como se eu fosse maior que o próprio titã Atlas em alto e bom som, ela ainda mantinha um sorriso sardônico estampado no rosto.
Meu manequim é 48, realmente não sou magra ou pequena, tenho altura, não venho de uma linhagem de pessoas  pequenas, descendo de espanhóis e portugueses (aliás como a maioria dos brasileiros), tenho quadris largos, cintura estreita, meu busto é pequeno, enfim, não sou um monstro como aquela mulher me fez sentir.
Enquanto ela ria da minha cara com a maior alegria eu me sentia cada vez mais humilhada, e as pessoas que estavam por perto viam e também sorriam.
Deixei as calças lá e saí da loja me sentindo a pior pessoa do mundo.
Sou uma pessoa que geralmente tem uma "resposta das boas" para várias questões, mas quando o assunto é a minha aparência eu não consigo responder por medo de ser mais humilhada.
Faz uma semana que aconteceu isso, mas eu ainda não consegui me libertar da péssima sensação de ter sido esculaxada dessa forma e, ainda por cima, na frente de outras pessoas.
Ninguém gosta de estar acima do peso ou de ter espinhas na cara.
Eu tenho um metabolismo ultra-lento, qualquer coisa eu coma demora ao menos 5 horas para digerir.
Estou em tratamento médico contra a obesidade e estou tendo que tomar um acelerador do metabolismo. Tendo que comer a cada 3 horas pra não ter metabolismo de tartaruga de novo.
Aí alguém vai dizer, mas você não faz exercícios?
Trabalhando e estudando fica difícil fazer qualquer atividade física que não seja as caminhadas de final de semana.
Porém, independente de qualquer coisa eu sou um ser humano pensante, e muito pensante, como qualquer outro.
Descriminam o negro por ser negro, o gordo por ser gordo, o nordestino por ser nordestino, o magro por que é magro.
Será que essas pessoas que nos apontam o dedo são perfeitas?
Será que elas se lembram que ao apontar um dedo para alguém há três dedos sendo apontados para ele?
O que essas pessoas pensam ao se divertirem humilhando outras pessoas?
O que aquela mulher da loja pensava quando ela começou a rir de mim sem qualquer constrangimento? Que por acaso seria melhor que eu por ser, ao menos, 20 centímetros mais baixa?
Durante toda a minha vida eu já fui muito humilhada pela minha condição física.
Estou escrevendo isto por que cansei de ser motivo de risada quando, na verdade, sou apenas uma pessoa como tantas outras.
Não sei por que a sociedade acha que todo mundo tem que ser igual a Juliana Paes ou alguém do tipo. Essas mulheres de televisão tem que estar com tudo em cima mesmo, o papel delas é o entretenimento e o que é bonito faz bem para quem vê. É claro que, como qualquer mulher, gostaria de ter pernas bonitas e uma estética como a da Juliana Paes, mas eu sou apenas eu e não tenho que ser inferiorizada por causa disso.
Há de chegar um dia em que o Ser será mais importante que o Ter e as pessoas, de modo geral, serão vistas pelo que elas são do jeito que são, bonitas ou feias, e serão valorizadas pelo que são.
Quero me desculpar por este desabafo, mas cansei de ser humilhada e vexaminada por não ser como as mulheres da TV, por ser apenas eu.


Beijos.
Fran

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